top of page

Capítulo 1 - Flores & Feras

  • Foto do escritor: Ash
    Ash
  • 29 de abr. de 2024
  • 7 min de leitura

Atualizado: 1 de mai. de 2024

Um par de olhos cinzentos se deteve na lateral do pescoço de Iris.

O homem abriu ligeiramente os lábios antes de fechá-los, como se quisesse cravar imediatamente os dentes no pescoço dela.

Seu olhar vagaroso desceu lentamente do pescoço dela para o peito e depois para o ventre.

O olhar penetrante penetrou em seu vestido, e ela sentiu como se cada centímetro de seu corpo estivesse sendo acariciado.

Ela queria fugir.

Como era de se esperar, foi errado procurar esse homem.

Ele era conhecido como um guardião íntegro dos artefatos sagrados, mas ela sabia o quão feroz o homem realmente era.

Foi um erro dela pensar que ele poderia protegê-la com essa ferocidade.

Ela havia escapado de uma fera apenas para entrar na toca de outra.

No entanto, ela não fugiu. Se essa fosse a Iris anterior, ela estaria tremendo quando suas pernas trêmulas cederiam, mas não mais.

Sem demonstrar sua agitação, ela levantou o queixo levemente para encontrar o olhar do homem.

Quando ele encontrou seus olhos inabaláveis, a ponta dos lábios do homem se ergueu.

Entretanto, aos olhos de qualquer pessoa, não era um sorriso.

"Acho que escutei errado."

Entre seus lábios vermelho-sangue, uma voz baixa e grave fluiu.

"A Flor do Ducado Whittle acabou de me pedir em casamento? E ela veio até mim por vontade própria?"

"Sim. Case-se comigo, Lorde Keibrandt Green."

Os olhos de Keibrandt se estreitaram.

Não havia diversão em sua expressão.

Seu olhar aguçado estava tentando ler Iris.

"A Flor do Ducado Whittle."

Ele se aproximou e ficou na frente dela.

Havia um aroma refrescante vindo dele, que a fez sentir como se estivesse em uma floresta.

"Acho que você não entendeu o que acabou de dizer."

A mão grande de Keibrandt se aproximou lentamente do pescoço de Iris.

Ela se aproximou de seu pescoço fino antes de parar, a centímetros de distância de sua pele.

"Você sabe o que significa casamento?"

"Sei."

Iris sabia muito bem.

"Se é assim..."

A mão, que havia parado, tocou o pescoço de Iris.

A palma fria de Keibrandt percorreu a parte de trás do pescoço dela e parou em seu ombro fino.

Iris se encolheu e tremeu. Mas, mesmo assim, ela não baixou o olhar, que estava fixo nele.

"Você deve saber o que os casais fazem."

Iris sabia.

Keibrandt ficaria surpreso com o quanto ela sabia.

Em vez de dizer o que estava pensando, ela levantou o dedo indicador e afastou o pulso dele de seu ombro.

A mão dele caiu facilmente.

"Ainda não estamos casados."

Keibrandt sorriu e levantou levemente as mãos como se quisesse marcar sua rendição, e então deu um passo para trás.

No entanto, não havia diversão em seus olhos, e Iris até achou isso um pouco assustador.

"Lady Iris Whittle."

Keibrandt levantou a mão e apontou para uma porta.

"Saia."

Foi uma rejeição grosseira e clara.

Se fosse qualquer outra mulher, ela não teria sido capaz de levantar a cabeça de vergonha.

No entanto, Iris era diferente.

Esse grau de vergonha não era nada.

Se ao menos ela pudesse escapar daquela casa e se ao menos pudesse viver adequadamente, ela faria qualquer coisa.

Ela levantou a cabeça e olhou diretamente para Keibrandt.

"O Visconde Alfred Hutch, mestre de uma caravana de comerciantes, havia prometido ao Duque Reuben Whittle a mina de ouro em Lavent. Ele receberá essa mina de ouro em troca de me entregar a Alfred."

"você está sendo informal."

"Você foi informal primeiro. Se quiser respeito , você deve ser respeitoso. Eu lhe mostrarei a devida cortesia."

Os olhos de Keibrandt se estreitaram.

Dessa vez, ele mostrou uma expressão divertida.

Ele olhou silenciosamente para o rosto de Iris antes de se virar e caminhar até um sofá.

Sentando-se no sofá e cruzando as pernas, apontou o queixo para o lado oposto.

A intenção era que Iris se sentasse, mas ela não o fez.

Ninguém poderia lhe dar ordens nesta vida.

Sua vida dependia dela.

Ela não deixaria que ninguém a agarrasse como quisesse e a sacudisse.

"Tenho certeza de que o Duque Whittle concordaria em me trocar pela mina de ouro de Venott. A mina também é muito maior do que a de Lavent."

"Lady Iris acha que seu valor é tão alto quanto o da mina de ouro de Venott? Não creio que seja esse o caso."

"A Flor do Ducado Whittle não seria melhor do que uma mina de ouro que está prestes a murchar? Pelo menos ela ainda não murchou."

Keibrandt estreitou a testa.

Parecia que ele estava curioso para saber como a Flor do Ducado Whittle sabia que a mina de ouro de Venott iria secar.

No entanto, Iris não tinha intenção de dissipar essa dúvida.

E, em vez de questioná-la, ele apontou a mão para a porta.

"Mais uma vez, Lady Iris. Saia."

Quando Iris pareceu não querer se mexer, Keibrandt cruzou os braços.

"Não me importo se a Flor do Ducado Whittle floresce brilhantemente ou murcha. Estou dizendo que você não vale uma mina que logo vai secar."

Keibrandt disse com severidade, olhando para Iris com indiferença, como se tivesse perdido o interesse.

"Então, Lady Iris, vá embora. Antes que eu quebre esse lindo pescoço."

Iris já sabia que Keibrandt não poderia estar interessado na Flor do Ducado Whittle.

Ela só queria enrolá-lo antes de revelar seu trunfo.

Não tenho escolha a não ser revelá-lo agora.

Ela respirou fundo com calma.

Revelar esse trunfo também significava que seu pescoço seria exposto.

Ela não sabia se ele a manteria viva ou a mataria quando ela revelasse o trunfo.

Ninguém sabia sobre sua visita ao Conde Green, e ela tinha certeza de que ele sabia desse fato.

Talvez ele tentasse encobrir tudo matando-a.

Não me importo se eu morrer aqui desse jeito.

Ela sabia o que ia acontecer com ela.

E preferia morrer aqui a viver uma vida assim.

Reforçando sua determinação, ela abriu a boca.

"Rei dos homens-fera."

Ao ouvir a voz baixa, os olhos de Keibrandt se arregalaram.

Suas pupilas cinzentas e firmes tremeram ligeiramente.

"Eu sei o que você está tramando, Lorde Keibrandt."

Keibrandt se levantou lentamente.

Uma intenção assassina sombria surgiu por trás dele como se quisesse devorar o corpo de Iris.

"A Flor do Ducado Whittle tombará antes que possa florescer."

Sua mão agarrou o pescoço de Iris.

Dentes caninos afiados podiam ser vistos em seus lábios vermelho-sangue, mas Iris não se mexeu nem um pouco.

"Se a flor tombar, seu pescoço também tombará."

Mesmo no momento em que a garganta de Iris se apertou, sua voz calma foi capaz de drenar a força da mão de Keibrandt.

Os olhos cinzentos que estavam cheios de fervor desapareceram, e a curiosidade tomou seu lugar.

"Eu conheço seu plano. Ele falhará e você morrerá."

"O que mais você sabe?"

"Que você não tem escolha a não ser se casar comigo."

Keibrandt arregalou os olhos, mas logo sorriu.

"Você não me dará uma resposta, mesmo que eu lhe pergunte como sabe de tudo isso."

"Sim."

"Se eu não concordar com esse casamento, você sairá e revelará que eu sou um homem-fera."

"Correto."

"Não vou nem piscar se eu matar você aqui."

"Ehm."

"Mas, se eu matar você aqui, eu também morrerei."

"Você é esperto."

"Você acha que eu acreditaria nisso?"

"Você já acredita."

Iris disse em um tom tão agradável que quase parecia que ela estava cantando.

Keibrandt olhou para a mulher destemida à sua frente sem dizer uma palavra.

A pele era branca o suficiente para ver as veias, o pescoço fino e longo, o peito voluptuoso sob uma linda clavícula e a cintura fina.

Ele tinha ouvido rumores de que ela era alguém por quem os homens babavam e, de fato, os rumores eram verdadeiros.

Inúmeros homens queriam colocar as mãos na bela flor do Ducado Whittle, Iris, que cresceu em uma estufa.

No entanto, isso não fazia diferença para ele.

Ele não tinha interesse em seu corpo exuberante ou em seu rosto tão belo quanto uma flor.

O que chamou sua atenção foi o porte dela.

Pode-se dizer que sua intenção assassina tinha um aspecto de forma.

Embora fosse invisível, sua materialização poderia pesar sobre o corpo de uma pessoa e assustá-la.

Era normal que uma mulher comum, não, até mesmo um soldado devidamente treinado, se urinasse por não conseguir superar sua intenção assassina.

Mas isso não aconteceu com Iris.

Ela nem sequer parecia assustada.

Isso despertou o interesse dele.

E não parecia que ela estava mentindo.

Havia algo em seus olhos que o fez acreditar em suas palavras.

"Vamos nos sentar e conversar."

Ele soltou o pescoço de Iris e voltou para o sofá.

No entanto, Iris permaneceu indiferente no mesmo lugar.

Ele franziu a testa e se lembrou do que ela havia dito antes.

Assim, ele apontou, educadamente, para o lado oposto do sofá.

"Você gostaria de se sentar, Lady Iris?"

Iris assentiu levemente com a cabeça.

"Está bem."

Enquanto Iris caminhava lentamente em direção ao sofá, Keibrandt viu por que as pessoas a chamavam de a Flor do Ducado Whittle.

Postura ereta com cintura e pescoço retos, um comportamento lento e gracioso, elegância que fluía da cabeça aos pés e olhos inabaláveis que eram tão finos quanto um passarinho assustado.

Não demorou muito para que ela, que havia se sentado no sofá, colocasse as mãos cuidadosamente sobre as coxas e observasse Keibrandt.

Com uma expressão indiferente, ela esperou que ele falasse primeiro.

"Que eu sou um homem-fera. Ou que estou planejando algo. Ou que isso vai fracassar e eu vou morrer. Vou confiar em você sem perguntar como você sabe dessas coisas."

"..."

"Mas eu gostaria de saber suas intenções ao pedir para se casar com um homem-fera cujo plano falhará e que morrerá."

Houve uma ondulação nas pupilas violetas inabaláveis de Iris.

Como se estivesse se lembrando de algo terrível, sua expressão desmoronou por um momento.

Seus olhos, que haviam se desviado para o lado, voltaram para Keibrandt.

"Eu quero escapar da mansão infernal do Duque Whittle".

Foi uma resposta inesperada.

"Pensei que você fosse uma flor em uma estufa."

"Estufa?"

Um sorriso frio se formou nos lábios de Iris.

Por alguma razão, Keibrandt achava que a mulher atual, neste exato momento, era a mais atraente que ela já havia sido desde que entrara na sala.

"Não é uma estufa, e eu não sou uma flor, mas uma erva daninha que sobreviveu às profundezas do inferno."

Fazia menos de uma hora que Keibrandt havia conhecido Iris, mas ela era uma surpresa constante para ele.

Ele achou a situação muito intrigante.

"A mansão dos Green também não será uma estufa aquecida, Lady Iris."

"Vai ser uma estufa aquecida, Lorde Keibrandt."

Iris respondeu com firmeza.

"A estufa mais resistente e mais aquecida do mundo. Uma estufa no auge do poder, onde ninguém pode entrar sem permissão."

O auge do poder.

Será que ela sabia o que isso significava?

" Nessa estufa, farei o meu melhor, com todas as minhas forças."

Um sorriso doce surgiu nos lábios de Iris.

"Vou viver uma vida despreocupada."

Naquele momento, Keibrandt imediatamente passou a gostar de Iris.


ree

Comentários


bottom of page